domingo, 3 de junho de 2012

Bibliografia


Luís Nicolau Fagundes Varela , poeta, nasceu na fazenda Santa Rita em Rio Claro, RJ, em 17 de agosto de 1841, e faleceu em Niterói, RJ, em 17 de fevereiro de 1875. É o patrono da Cadeira n. 11, por escolha do fundador Lúcio de Mendonça.
Era filho do Dr. Emiliano Fagundes Varela e de Emília de Andrade, ambos de famílias fluminenses bem situadas. Passou a infância na fazenda natal e na vila de S. João Marcos, de que o pai era juiz. Seus primeiros anos de vida foram vividos no campo, em contato íntimo com a natureza, que sempre o fascinou. Aprendeu a ler nas bibliotecas do pai e do avô, homens ilustrados. Apaixonado pelos românticos, Fagundes Varela lia com desenvoltura os poetas nacionais, os franceses e os ingleses.
Dessas leituras se originam as influências que sofreu de Álvares de Azevedo e de Byron. Depois, residiu em vários locais. Primeiro em Catalão (Goiás), para onde o magistrado fora transferido em 1851 e onde Fagundes Varela teria conhecido o juiz municipal Bernardo Guimarães.
De volta à terra natal, residiu em Angra dos Reis e Petrópolis, onde fez os estudos do primário e secundário. Em 1859, foi terminar os preparatórios em São Paulo.
O "mal do século" ou spleen - mistura explosiva de poesia e boemia desregrada - encontrava em São Paulo, na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, o lugar ideal para seu exercício. Por isso, é para lá que o poeta se dirige em 1862, mais para aproveitar a vida acadêmica do que para estudar. Logo abandonou a faculdade, preferindo a literatura e dissipando-se na boêmia. Mas escreveu contos, em 1861, publicara o primeiro livro de poesias, "Noturnas", colaborou na revista Dramática, exaltando o teatro romântico. De saúde delicada e nervos à flor da pele, constantemente embriagado, deixava com freqüência o convívio de parentes e amigos. Era dado a longas viagens, aventuras, portando-se como um andarilho solitário, podendo seu comportamento ser comparado aos beats - poetas americanos dos anos 50/60, os famosos "pés na estrada".
Contraiu matrimônio com a artista de circo Alice Guilhermina Luande, de Sorocaba, que provocou escândalo na família e agravou-lhe a penúria financeira. O primeiro filho, Emiliano, morto aos três meses de idade, inspirou-lhe um dos mais belos poemas, "Cântico do Calvário". A partir daí, acentuam-se nele a tendência ambulatória e o alcoolismo, mas também a inspiração criadora. Amigos e parentes conseguiram publicar o seu livro "O Estandarte Auriverde" ou "Pendão Auriverde", no qual ele discorre sobre um tema social: a questão anglo-brasileira. Publicou "Vozes da América" em 1864 e, à maneira de Castro Alves, volta-se para o problema da escravidão. Os poemas "Mauro, o escravo", "Gualter, o pescador", "Vingança" e "Napoleão" são longos e narrativos; o livro incluía também poemas de amor. Todavia, é em "Cantos e Fantasias", publicado um ano depois, em luxuosa edição, que sua poesia aparece densa e bela. De inspiração popular, descuidado, sem disciplina literária, Fagundes Varela possuía um sentimento poético verdadeiro, mas não o gênio de Álvares de Azevedo ou o fogo sagrado de Castro Alves. Nesse ano, ou em 66, durante uma viagem prolongada a Recife, faleceu-lhe a mulher, que não o acompanhara ao Norte. Ele voltou a São Paulo, matriculando-se em 1867 no 4o ano do curso de Direito. Abandonou de vez o curso e recolheu-se à casa paterna, na fazenda onde nascera, em Rio Claro, onde permanece até 1870, poetando e vagando pelos campos.
Deixou-se sempre ficar na vida indefinível de boêmio, sem rumo, sem destino determinado. Casou-se pela segunda vez com a prima Maria Belisária de Brito Lambert, com quem teve duas filhas e um filho, este também falecido prematuramente. Em 1869 são publicados "Cantos Meridionais" e "Cantos do Ermo e da Cidade. Com esses dois livros, Fagundes Varela vê seus poemas penetrarem na alma popular brasileira.
É cantado, declamado, amado. Dos poetas de sua geração, Varela foi o de maior inspiração nacionalista. Em 1870, mudou-se com o pai para Niterói, onde viveu até o fim da vida, com largas estadas nas fazendas dos parentes e certa freqüência nas rodas da boêmia intelectual do Rio. No patriótico e ambicioso poema de 10 cantos "Evangelho nas Selvas", publicado no ano de sua morte, sua poesia tenta um vôo majestoso. Morreu junto a seus pais, aos 34 anos de idade.
Vivendo na última fase do Romantismo, a sua poesia revela um hábil poeta do verso. Em "Arquétipo", um dos primeiros poemas, faz profissão de fé de tédio romântico, em versos brancos. Embora o preponderante em sua poesia seja a angústia e o sofrimento, evidenciam-se outros aspectos importantes: o patriótico, em "O Estandarte Auriverde" (1863) e "Vozes da América" (1864); o amoroso, na fase lírica, dos poemas ligados à natureza, e, por fim, o místico e religioso. O poeta não deixa de lado, também, os problemas sociais, como o abolicionismo.
Fonte: Jornal da Poesia

A flor de maracujá


Vida de flor


Vídeo


Fotos


Cântico do Calvário





À memória de meu Filho morto a 11 de dezembro de 1863

Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba, - varou-te a flecha do destino!
Astro, - engoliu-te o temporal do norte!
Teto, - caíste!- Crença, já não vives!
Correi, correi, oh! lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!

A cruz


 


               Estrelas
               Singelas,
               Luzeiros
               Fagueiros,
Esplêndidos orbes, que o mundo aclarais!
Desertos e mares, - florestas vivazes!
Montanhas audazes que o céu topetais!
               Abismos
               Profundos! 
               Cavernas
               E t e r nas!
               Extensos,
               Imensos
               Espaços
               A z u i s! 
          Altares e tronos,
Humildes e sábios, soberbos e grandes!
Dobrai-vos ao vulto sublime da cruz!
Só ela nos mostra da glória o caminho,
Só ela nos fala das leis de - Jesus!

Obras


  • Noturnas - 1860
  • Vozes da América - 1864
  • Pendão Auri-verde - poemas patrióticos, acerca da Questão Christie.
  • Cantos e Fantasias - 1865
  • Cantos Meridionais - 1869
  • Cantos do Ermo e da Cidade - 1869
  • Anchieta ou O Evangelho nas Selvas - 1875 (publicação póstuma)
  • Diário de Lázaro - 1880

Em 1878 seu amigo Otaviano Hudson organizou Cantos Religiosos, cuja publicação destinava-se a auxiliar sua viúva e filhas.

A flor do Maracujá, poema de Fagundes Varela


 

Flor de Maracujá, foto de Murilo Romeiro
Flor de Maracujá, foto de Murilo Romeiro
A FLOR DO MARACUJÁ

Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!

Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!

Pelas tranças de mãe-d’água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!

Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!

Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas,
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá!

Por tudo o que o céu revela,
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!…
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!

Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em – á -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos, ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!


Fagundes Varela


Luís Nicolau Fagundes Varella, poeta e um dos patronos na Academia Brasileira de Letras.

Fonte: http://peregrinacultural.wordpress.com

Quem foi ele

Poeta brasileiro. Nasceu em 17 de agosto de 1841 em Rio Claro, no Rio de Janeiro e faleceu em 18 de fevereiro de 1875 em Niterói, também no Rio de Janeiro. Aos 19 anos de idade, tranfere-se para São Paulo, concluindo seus preparatórios. Em 1865 matricula-se na Faculdade de Direito de São Paulo, abandonando o curso dois anos depois com a morte do filho, para reiniciá-lo na Faculdade de Direito de Recife, em Pernambuco. Com o falecimento da esposa em Rio Claro, Fagundes deixa a faculdade de Recife e ingressa novamente na Faculdade de direito de São Paulo, onde perde o ano por excesso de faltas. Nessa ocasião, Fagundes renuncia aos estudos definitivamente e volta para a sua casa paterna. Casou-se ainda mais algumas vezes. Patrono da cadeira N.º 11 dos Sócios Efetivos da Academia Brasileira de Letras. Suas obras:n Noturnos, Pendão Auriverde, Vozes da América, Cantos e Fantasias, Cântico do Calvário, Cantos Meridionais, Cantos do Ermo e da Cidade, Anchieta e o Evangelho das Selvas, Cantos religiosos, Diário de Lázaro, A Fundação de Piratininga, Ponto Negro, O Demônio do Jogo e muito mais. Fagundes Varela era um inveterado alcoólatra. Seu nome completo é Luiz Nicolau Fagundes Varela.

O Romantismo de Fagundes Varela


"A beleza exterior alegra os olhos, porém a beleza interior, faz com que o coração bata mais rápido."


"Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança!... eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro!...
Eras a messe de um dourado estio!...
Eras o idílio de um amor sublime!...
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba - varou-te a flexa do destino!
Astro - engoliu-te o temporal do norte!
Teto - caíste! Crença - já não vives!"

Fagundes Varela foi um poeta de transição entre a segunda e a terceira geração romântica. Sofreu múltiplas influências: o indianismo e o naturalismo de Gonçalves Dias; o spleen de Álvares de Azevedo; a sonoridade e o bucolismo de Casimiro de Abreu; a temática social de Castro Alves, autor da 3ª geração. Apesar disso, soube manter um substrato de originalidade de toda sua obra.

Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu em Rio Claro, no Rio de Janeiro, em 17 de Agosto de 1841, onde viveu em estreito contato com a natureza até os 10 anos. Em 1859, partiu para São Paulo, onde fez os preparotórios para a Faculdade de Direito. Todavia, a vida boêmia o atraía mais do que a acadêmica. Perambulava por bares, colaborava em alguns jornais e só em 1862 iniciou realmente o curso. No mesmo ano, casou-se com a filha de um dono de circo, com quem teve um filho, Emiliano, que veio a falecer três meses depois do casamento. Em 1865, embarcou para Recife, Pernambuco, a fim de retomar os estudos, onde juntou-se ao grupo de poetas candoreiros. Quando passou para o quarto ano, recebeu a notícia da morte da esposa - fato que o levou a retornar a São Paulo e a rematricular-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Casou-se pela segunda vez e teve três filhos. Um deles, o menino, também chamada Emiliano, faleceu. A partir de 1873, a decadência tomou conta de sua vida. Faleceu aos 33 anos.

Em 1861, Fagundes Varela publicou o livro poético intitulado Noturnas; logo depois, em 1863 publicou O Estande Auriverde; posteriormente, publicou Vozes da América, em 1864; cinco anos depois, publicou Cantos Meridionais; sua última obra de poesias, Cantos Religiosos, foi publicada em 1878, postumamente, salientando-se que faleceu em 1875.


Suas poesias giram em torno do amor, da pátria, da natureza e da temática religiosa. Deus e a natureza têm função semelhante na sua obra: a de refúgio e de consolo, entidades que mantêm com o eu lírico uma relação de cumplicidade acolhedora. Fagundes Varela, assim como Álvares de Azevedo, é classificado como um poeta ultra-romântico pelo predomínio em sua obra de temas e imagens dessa tendência: tédio, angústia, desesperança, morbidez, sombras, figuras vaporosas, aparições fantásticas... entre outras imagens psicológicas.

Fonte: http://belleliteratura.blogspot.com.br