domingo, 3 de junho de 2012

O Romantismo de Fagundes Varela


"A beleza exterior alegra os olhos, porém a beleza interior, faz com que o coração bata mais rápido."


"Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança!... eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro!...
Eras a messe de um dourado estio!...
Eras o idílio de um amor sublime!...
Eras a glória, a inspiração, a pátria,
O porvir de teu pai! - Ah! no entanto,
Pomba - varou-te a flexa do destino!
Astro - engoliu-te o temporal do norte!
Teto - caíste! Crença - já não vives!"

Fagundes Varela foi um poeta de transição entre a segunda e a terceira geração romântica. Sofreu múltiplas influências: o indianismo e o naturalismo de Gonçalves Dias; o spleen de Álvares de Azevedo; a sonoridade e o bucolismo de Casimiro de Abreu; a temática social de Castro Alves, autor da 3ª geração. Apesar disso, soube manter um substrato de originalidade de toda sua obra.

Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu em Rio Claro, no Rio de Janeiro, em 17 de Agosto de 1841, onde viveu em estreito contato com a natureza até os 10 anos. Em 1859, partiu para São Paulo, onde fez os preparotórios para a Faculdade de Direito. Todavia, a vida boêmia o atraía mais do que a acadêmica. Perambulava por bares, colaborava em alguns jornais e só em 1862 iniciou realmente o curso. No mesmo ano, casou-se com a filha de um dono de circo, com quem teve um filho, Emiliano, que veio a falecer três meses depois do casamento. Em 1865, embarcou para Recife, Pernambuco, a fim de retomar os estudos, onde juntou-se ao grupo de poetas candoreiros. Quando passou para o quarto ano, recebeu a notícia da morte da esposa - fato que o levou a retornar a São Paulo e a rematricular-se na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Casou-se pela segunda vez e teve três filhos. Um deles, o menino, também chamada Emiliano, faleceu. A partir de 1873, a decadência tomou conta de sua vida. Faleceu aos 33 anos.

Em 1861, Fagundes Varela publicou o livro poético intitulado Noturnas; logo depois, em 1863 publicou O Estande Auriverde; posteriormente, publicou Vozes da América, em 1864; cinco anos depois, publicou Cantos Meridionais; sua última obra de poesias, Cantos Religiosos, foi publicada em 1878, postumamente, salientando-se que faleceu em 1875.


Suas poesias giram em torno do amor, da pátria, da natureza e da temática religiosa. Deus e a natureza têm função semelhante na sua obra: a de refúgio e de consolo, entidades que mantêm com o eu lírico uma relação de cumplicidade acolhedora. Fagundes Varela, assim como Álvares de Azevedo, é classificado como um poeta ultra-romântico pelo predomínio em sua obra de temas e imagens dessa tendência: tédio, angústia, desesperança, morbidez, sombras, figuras vaporosas, aparições fantásticas... entre outras imagens psicológicas.

Fonte: http://belleliteratura.blogspot.com.br

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